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sexta-feira, 12 de julho de 2013

Nostalgia VI


  


Depois de tudo que aconteceu na minha vida, já estava acostumada a me ver presa na escuridão.

          Eu não tinha ideia do que estava acontecendo comigo, nem o que poderia acontecer por vim. Lembro-me de sentir palpitações no meu coração e minha respiração parar. Não é uma sensação agradável, isso é fato.
         Abro os olhos, está tudo muito claro! Provavelmente, haveria uma luz na direção da minha face. Minha visão ainda estava turva, no entanto conseguia ouvir sussurros. 'A situação dela, como está?', minha mãe com certeza, ' Não muito bem. Só tenho a dizer que, dos 40 % de recuperação que ela tinha conseguido, voltou à zero'.
        Não precisava ouvir isso.
     Vindo de um especialista, com certeza minha situação não era boa. E isso me deixou mais preocupada e confusa. Tentei não pensar tanto nisso, mas era quase impossível, logo, retomei a escuridão. E mais uma vez, um sonho. Um pesadelo.
       Lembro pouco, só me relato de poucas coisas. Estava eu, sozinha, vestida de vermelho, presa em uma espécie de labirinto. Corria, corria, e não chegava ao fim. Nas várias passagens, corredores, paredes, eu passei, tensa e tenebrosa avançava a procura da saída, mas era em vão. Tentei mais uma vez, levar tal ilusão à vida real. Será mesmo que aquele labirinto seria a minha tentativa de está curada? Que mesmo eu tentando, buscando, sonhando está boa, era desnecessário? Tentei não pensar na situação de uma fatal morte. Mas essa opção ainda estava no subconsciente.
       Fugi o mais rápido da escuridão, não aguentava mais tal pensamento.
    Abro meus olhos novamente, porém desanimada. Dessa vez havia algo diferente, Lucinda não estava lá. Um jovem todo de branco me observava, imaginei ser um médico-estagiário, e era. Ele se aproximou,.
      -- Está se sentindo melhor? - Olhava-me intensamente com seus olhos verdes profundos.
      -- Não sei! Quem é você? - Encarei-o.
      -- Sou o novo estagiário do hospital. E o médico-chefe me deu a missão de informa-lhe a sua situação.
      -- Então prossiga.
      -- Bom! Sua situação é a seguinte dona Margareth, você teve várias lesões em seu corpo depois de um acidente, correto?
      -- Correto.
      -- Com isso, seus organismos estão em transe. Com isso, aquela sensação que você teve... - Cortei-o.
      -- Isso mesmo! Estou confusa.
      -- Foi uma parada cardíaca. Felizmente, foi uma simples, caso fosse uma fulminante, causaria sua morte.
    Calei-me, não havia palavra alguma em meus lábios.
     -- Com isso, a srª  ficará mais tempo internada. Cremos que não passará de 6 meses.
     -- Seis? - Saiu como sussurros.
     -- Esperamos. Mas, nesses meses, está incluindo a fisioterapia. Então, levando em consideração a outros casos, seu processo será rápido.
     -- Por que isso tem que acontecer comigo? - Foi só um sussurro, mas ele ouviu.
     -- Eu entendo sua preocupação. - Seu rosto tão perfeito, me encarou.
    Não conseguir segurar as lágrimas.
     -- A srª deseja que eu chame alguém?
     -- Não! Só diga-me seu nome!
     -- Meu nome?
     -- Sim! Por favor!
     -- Álvaro Mason!
     -- Álvaro-o - E como sussurros saio.
     E por mais, repetivamente vez, voltei ao meu abrigo. A escuridão.
     Não tive nenhum tipo de "sonho", apenas viajei no que chamo de lar.

                                                           ~ - ~


   Quando me liberto de tal solidão, já estava em um ambiente diferente. Minha mãe estava lá. Esperando meu abrir dos olhos.
    -- Está se sentindo melhor? - Sua mão suave me alisou.
    -- Não sei. Ainda estou muito confusa.
    -- Minha filha, por que você faz isso comigo? Me deu mais um susto-o. - Lágrimas.
    -- Eu também não entendo. Não chores. Já conversou com o médico?
    -- Sim! Estou ciente de tudo.
    -- Cadê Lucinda?
    -- Já estava estranhando você não perguntar por ela. - Sorri - Ela está na escola. Mas de tarde ela virá te visitar. Não se preocupe.
    -- Verdade. Já tinha esquecido. Mas, e o colégio já está sabendo da minha situação?
    -- Conversei com a diretora agora a pouco.
    -- Será que vou ter que repetir o ano?
    -- Não sei! Talvez um supletivo resolva.
    -- Então tá.
    -- Mas no momento, não quero que fique pensando nisso. Precisa descansar.
    -- Já descansei muito.
    -- Não importa! Essa é sua única alternativa.
    -- Eu estou me sentindo tão só.
    -- Calma! Em breve, será liberado mais visitas.
    -- Por que? Estou com algo contagioso? - Utilizei a ironia.
    -- Claro que não minha filha. Você ainda está muito frágil. Se liberarem visitas, todos vão querer te abraçar, te beijar, e não dará muito certo. Entendeu?
    -- Entende. Lucinda irá chegar quando?
    -- De novo Margareth. Já falei 'milhares' de vezes, que ela virá só de tarde.
    -- Só uma vez.
    -- Não importa. Por favor não me estresse. Não é hora para isso. Vê se nessa fase de recuperação, você também amadurece.
   -- Tá mãe. A senhora pode chamar o Drº Álvaro?
   -- Por que? - Ela me encarou.
   --  Ele é o meu médico.
   -- Está sentindo alguma coisa?
   -- Não! Só quero conversar. E tem o papo bom.
   -- Ok então!
   Levantou-se, me beijou, e saiu em direção a porta.
   Espero alguns minutos, e ouço bater na porta.
   -- Srª Margareth?
   -- Podes entrar.
   Abriu a porta delicadamente, aproximou-se de mim.
   -- Mandou me chamar?
   -- Sim!
   -- O que era então?
   -- Só para ficar aqui comigo. Já que você é o médico que vai me acompanhar, deve se acostumar a me ouvir tagarelar. - Ele sorriu.
  -- Não tem problema. Estou aqui para te ouvir. - Puxou uma cadeira e sentou-se ao lado da 'cama' em que estava.
  Der repente fui tomada por uma força, e não segurei-me.
  -- Seus olhos são tão atraentes.
  -- Obrigado! - Abaixou a cabeça como um ato de timidez.
  -- Tenho inveja deles. - Sorrimos.
  -- Os seus também são lindos srª Margareth.
  -- Me chame de Margth.
  -- Ok!... Então srª Margth. - Sorri.
  -- Fico imaginando como deve ser dos teus pais.
  -- São escuros. Puxei a minha vó.
  -- Sério! Legal.
  -- Enfim! Como tu estás sentindo?
  -- Acho que bem. Preciso ver minha melhor amiga.
  -- Quem é?
  -- Lucinda.
  -- Uma roqueira que vive andando por aqui.?
  -- Isso mesmo. - Sorri.
  -- Quando ela aparecer aqui, eu a chamo.
  -- Obrigada.
  E quando percebemos, passamos quase a manhã toda conversando.
  Nem imaginávamos que ali, seria o começo de um amor eterno.










Achara,
Nostalgia I,
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Nostalgia II
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Nostalgia III
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Nostalgia IV
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Nostalgia V
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